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EMPATIA EM IDOSOS COMO PROCESSO MULTIFACETADO
d.o.i. 10.13115/2236-1499v2n18p46
Antônio Gabriel Araújo Pimentel de Medeiros – UPE[1]
José Antônio Spencer Hartmann Júnior – UPE[2]
Resumo: A empatia é a capacidade de compreender, compartilhar e levar em consideração os sentimentos dos outros, ou seja, se colocar no lugar de alguém. Por se tratar de um construto que trabalha diretamente nos níveis cognitivo, afetivo e comportamental, influenciará de forma particular cada fase do desenvolvimento. Na terceira idade, a empatia é diretamente responsável pela manutenção das redes de apoio e preservação da cognição. Déficits cognitivos e isolamento são os principais responsáveis por baixos níveis de empatia em idosos e são ponto de partida para o desenvolvimento de doenças como demências e depressão. Algumas alternativas como o desenvolvimento de habilidades sociais e a reabilitação neuropsicológica podem devolver ao idoso a autonomia necessária para retomar parte de atividades antes realizadas por estes, e com isso abrir caminho para o fortalecimento da habilidade empática. Apesar disso, a presença das redes de apoio ainda são o principal aliado na preservação da empatia na terceira idade, pois é no dia a dia que os ganhos e perdas se dão. Concluímos que a empatia é fundamental na preservação da reserva cognitiva e do bem-estar da população idosa, sendo preventora de doenças e seu baixo nível porta de entrada para as mesmas.
Palavras-chave: Empatia; Idosos; Saúde Mental.
Abstract: Empathy is the ability to understand, share, and take care the feelings of others. It is a construct that works directly at the cognitive, affective and behavioral levels, and influences in a particular way each phase of the development. In elderly people, empathy is responsible for maintaining networks of support and preservation of a healthy cognition. Cognitive deficits and isolation are the main responsible for low levels of empathy in the elderly people and is the first step for the development of diseases such as depression and dementias. Some alternatives such as the development of social skills and neuropsychological rehabilitation can give the elderly the autonomy necessary to resume part of activities previously performed by them, and thereby strengthen empathy. The presence of support networks is the main ally in the preservation of empathy in the third age. We conclude that empathy is very important in preserving the cognitive reserve and the well-being of the older, and his low levels the entrance door for organic and psychological diseases.
Keywords: Elderly people; Empathy; Mental Health.
[1] Psicólogo. Membro do Grupo de Estudos sobre Saúde Mental do Idoso da Universidade de Pernambuco, vinculado ao CNPq.
[2] Psicólogo, Pós-doutorando em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina do ABC e Doutor em Neuropsiquiatria e Ciências do Comportamento Pela Universidade Federal de Pernambuco. Membro do Grupo Estudos sobre Saúde Mental do Idoso da Universidade de Pernambuco, vinculado ao CNPq.
Texto Completo:
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